26 de ago. de 2011

SÃO JOSÉ DOS PINHAIS: Prefeito Ivan Rodrigues passou R$ 27.123.809,43 à Risotolândia


Em 8 contratos desiguais, consecutivos e crescentes, com DL – Dispensa de Licitação, desde agosto de 2009 a Prefeitura virou o melhor cliente da famosa empresa


Em exatos 25 meses (de setembro de 2009 até outubro/2011, quando se esgota o mais recente contrato), a Prefeitura de São José dos Pinhais já pagou à Risotolândia mais de R$ 27 milhões, numa média mensal de R$ 1.085.000 (um milhão, oitenta e cinco reais). Nessa condição se transformou, dentre os fregueses metropolitanos, no “maior e melhor cliente” da próspera empresa curitibana.

No quadro abaixo, os detalhes dos volumosos negócios entabulados, todos sob a rubrica “DL”, que indica “Dispensa de Licitação” e, parece, funciona como a frase mágica “abre-te, sésamo!” 




Como tudo começou

No início de 2009 (quando Ivan Rodrigues tomou posse), a empresa COAN, à época atuando em vários estados, e que fornecia a merenda escolar em São José dos Pinhais, se envolveu num escândalo em São Paulo. Então, o novo prefeito decidiu não renovar o contrato de fornecimento que fora firmado por seu antecessor (Leopoldo Meyer), com licitação em “pregão eletrônico”.

O contrato da Coan previa merenda para a rede municipal, no semestre, por R$ 2.500.000 (dois milhões e quinhentos mil reais), algo em torno de R$ 417.000 mensais. Por meio do ex-procurador geral Luiz Carlos Rocha, o Rochinha (hoje remanejado para a secretaria de Comunicação Social), Ivan Rodrigues mandou “soltar os cachorros” sobre a COAN, via TVS, rádios e jornais. Ao mesmo tempo, cancelou o contrato legal, dado como “suspeito e de custo muito alto”

Contudo, assoberbado pelos afazeres administrativos, o prefeito Ivan Rodrigues “esqueceu” de realizar licitação para que não visse a faltar a merenda escolar, e “quando se deu conta”, já estava em agosto de 2009, “em cima do laço” para as sempre morosas formalidades licitatórias.

Assim, supostamente imbuído do sentimento de salvar as escolas de uma crise sem precedentes, em 27 de agosto de 2009 o prefeito firmou um “contrato emergencial” para fornecimento da merenda escolar, e a escolhida, “com DL – Dispensa de Licitação”, foi justamente a Risotolândia, sendo o “primeiro contrato”, para abastecimento de 6 meses, bem mais “salgado” do que a anterior (R$ 3.128.632,00), ou seja, R$ 628.632,00 acima daquele, num aumento superior a 20%.


“DL” derrubou secretário

O então secretário de Educação, Luiz Marcos, discreto professor reconhecido na cidade pela retidão moral e capacidade de trabalho, teria “engolido sapo” para aceitar a alegada “emergência” na merenda, ele que vinha alertando desde meados de 2009 para a necessidade de nova licitação.

Nessa marcha, findou 2009 e entrou 2010, com o professor Luiz Marcos praticamente gritando pela licitação regular para aquisição da merenda, chegando a se indispor com o cunhado do prefeito, Carlos Borges Figueiredo, secretário de Licitação e Compras, que lhe fazia “ouvidos moucos”.

Assim, quando em março de 2010 a Prefeitura decidiu, “a toque de caixa”, fazer a manjada “compra emergencial do semestre”, Luiz Marcos foi ao gabinete do prefeito (que ficava no casarão histórico demolido). Ali ele disse ao chefe do Executivo, “com educação, mas incisivamente”, que não concordava com tal “emergência”, pois lutara para que a licitação fosse feita desde janeiro.

“Eu vi o Ivan torcer o bigode e mudar de cor, e notei um lampejo de rancor nos seus olhos”, revelou o ex-secretário de Educação aos amigos mais próximos, os quais ficaram todos “pretéritos”, principalmente com o desfecho da história, que viria a se materializar dois dias depois...

...quando Ivan Rodrigues mandou que Luiz Marcos demitisse o diretor-geral, professor Geraldo Luiz da Silva, que era também seu braço direito na secretaria, o que ele recusou fazer. Pouco depois, Miguel Galoski (o chefe de Gabinete, hoje de “férias”) levou-lhe a “exoneração”, e para seu lugar foi nomeada uma senhora que “não tem nem o 2º grau, mas é da cozinha da 1ª dama”.

Com efeito, duas semanas após a “queda” do Luiz Marcos, no dia 1º. de abril de 2010, como se a data tivesse sido escolhida a capricho, para que ninguém acreditasse, a Prefeitura firmou o 2º. (dois oito, até agora) “contrato de emergência” com a Risotolândia: R$ 3.801.099,50, somando R$ 1.301.099,50 além do contrato da administração passada, mais de 50% superior ao da COAN.


Os vereadores fazem “silêncio obsequioso”

Abúlicos, como se anestesiados, numa postura que desanima a população, os vereadores da oposição de São José dos Pinhais “sumiram”. Eles eram maioria, tanto que derrotaram o candidato do prefeito Ivan Rodrigues, vereador José Vieira, para a presidência da Casa.

No entanto, mesmo diante do “8º, Contrato de Emergência” com a Risotolândia, no valor astronômico de R$ 4.742.929,80 (quatro milhões, setecentos e quarenta e dois mil...) para fornecimento de merenda por prazo curtíssimo (60 – sessenta dias), ninguém se manifesta.

Tal contrato implica aumento de 300% (trezentos por cento) sobre o da COAN, que era de R$ 2.5 milhões para seis meses, e este é de R$ 4.7 para apenas 2 meses. Será que nenhum dos nobres vereadores de S. José dos Pinhais vai questionar isso? Cadê os dois petistas? Onde estão?

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