A prisão do ex-delegado
geral da Policia Civil do Paraná, Marcus Vinicius Michelotto, nesta semana, fez
explodir publicamente a guerra pura que estão travando há algum tempo o Ministério
Público, leia-se GAECO, e a Segurança Pública em nosso Estado.
Colocando frente a frente o
Secretário da Segurança do Paraná, Cid Vasquez, e o Promotor Leonir Batisti,
responsável pelo GAECO- Grupo de Combate ao Crime Organizado, do Ministério Público
Estadual, uma crise veio se desdobrando há algum tempo e chegou finalmente ao
confronto mais direto.
Ninguém melhor que Joyce
Hasselmann, que gosta de aparecer mais que propaganda da Friboi, para mediar um
confronto de tal porte, cuja “briga” ficou mais do que clara nesta semana por
conta das situações criadas dos dois lados, MP e Segurança Pública.
Nesta semana foram
cumpridos dezenas de mandados de prisão, busca e apreensão, com 14 pessoas
acusadas de envolvimento a máfia dos caça-níqueis de Curitiba e região, colocando
neste grupo três policiais civis e cinco policiais militares.
Episódio relacionado com a
“mansão cassino”, local de jogo que explodiu em 2012, motivou a ação desta
semana e que colocou o Ministério Público em ação através do GAECO, mobilizando
mais de 100 policiais e viaturas em uma operação que despertou a atenção da
cidade.
A prisão dos delegados,
Marcus Michelotto e Geraldo Celezinski, fez detonarem manifestações de outras
autoridades e do Sindicato dos Delegados do Paraná, Sidepol, cujo presidente
Claudio Marques condenou a ação do GAECO.
Enquanto isso, foi adiado
mais uma vez, ficando para o próximo dia 17, o julgamento do pedido de
revogação da licença que permite que o Procurador Cid Vasquez se afaste do Ministério
Público para ocupar o cargo de Secretário de Segurança, uma situação mais ou
menos parecida com aquela que durante o governo Requião pegou no contrapé o
então Secretário Luiz Fernando Delázari.
Esta situação nova criada
pelo GAECO deixou no ar um “cheiro de vingança” do Promotor Leonir Batisti, contra
o Secretário Cid Vasquez que decidiu implantar um sistema de rodízio para
substituir todos os 57 policiais cedidos ao grupo pelo MP.
HISTÓRIAS E ESTÓRIAS
Foi uma semana agitada com
tais prisões por parte do GAECO, em nome do Ministério Público, dando sequência
a uma ação que vem desde 2012 quando em 27 de janeiro um grupo de policiais
civis invadiram a “mansão-cassino”, como era conhecida uma casa de jogos no
Parolim, ação que foi vista como de protesto dos mesmos contra a cúpula da
Policia Civil, e que não contou com o comando de um delegado, ocasião em que
prenderam três pessoas e apreenderam cerca de 40 maquinas caça-níqueis, além de
estar o local sob a suspeita de ponto de prostituição, e de distribuição de
drogas.
Dali em diante passou a se
fazer sentir uma verdadeira guerra interna dentro da corporação, com o delegado
chefe da Policia Civil, Marcus Michelotto classificando a operação de ato
político e ação miliciana, enquanto os policiais participantes da mesma
passaram a denunciar perseguições.
Como a Corregedoria da
Policia não teria agido a contento os policiais reclamantes de retaliação
levaram o assunto ao GAECO e buscaram no Ministério Público a ação
esclarecedora, inclusive em relação aos verdadeiros donos da “mansão-cassino”.
Com prisão temporária dos
delegados, enquanto o inquérito no MP segue sob sigilo, a semana ficou bastante
agitada com declarações de bastidores admitindo que virou guerra pura a “briga”
entre o MP e a Segurança Pública.
Origens:
Em 2011 a agitação em torno
de ligações de autoridades com os jogos de azar já tinham gerado reportagens
amplas que foram confirmadas por um ex-comandante da Policia Militar do Paraná.
Desde então as atenções do
Ministério Público voltaram-se para esta área.
Em Novembro de 2011 o
coronel Marcos Theodoro Schremeta, comandante da Policia Militar, admitiu
publicamente manter relacionamento com gerentes do jogo do bicho e da máfia dos
caça-níqueis de Curitiba, gerando imediata repercussão, pois foram dadas logo
após o mesmo ter sido exonerado do comando daquela corporação, lembrando que
seu pai havia sido gerente de casas lotéricas e havia trabalhado com jogos de
azar, razão pela qual mantinha relacionamento com os mesmos, mas negando
qualquer envolvimento com seus negócios.
Marcus Michelotto,
ex-diretor da Policia Civil, teve uma atuação cercada de situações polêmicas
que explodiram com a história da “mansão-cassino” que teria dado origem a
muitas e comprometedoras situações.
Dentre algumas situações
que envolveram seu período como dirigente do setor, está aprisão de dois
delegados presos pelo GAECO por envolvimento em um esquema de cobranças de
propinas de autopeças e ferros-velhos, situação que ficou ainda mais conhecida
porque ligações telefônicas deixavam transparecer o envolvimento do diretor da
policia civil Marcus Michelotto, e da facilidade de um dos envolvidos com
auxiliar direto do governador, no chamado esquema “Brother”, que deu muito que
falar.
Complicando ainda mais a
situação, reportagens da Gazeta do Povo, em 2012, mostraram privilégios de uns
e outros usando viaturas policiais para levar filhos à escola ou fazer compras
em supermercados, fatos que comprometeram Micheloto como delegado geral, denunciando-se,
ainda, que dinheiro destinado à manutenção de delegados não chegavam ao
verdadeiro destino e que um aumento salarial aos delegados havia sido maior do
que aquele dado aos investigadores.
Em julho deste ano, quando
explodiu mais uma crise que envolveu delegado e policiais por conta do Caso
Tayná, o diretor da Policia Civil, Marcus Micheloto deixou o cargo diante das
denúncias de que suspeitos haviam sido torturados em delegacias.
Rodrigo Santorio Rios,
advogado de Marcos Micheloto, disse ter sido desnecessária a prisão temporária
do mesmo que tem endereço fixo e é um servidor exemplar.
Na presente semana,
inclusive, o bom relacionamento do governador Beto Richa com os delegados de
policia representantes da classe, que tiveram jantar de confraternização de
final de ano, do qual participaram o Secretário da Segurança Cid Vasquez, os
deputados estaduais Nelson Justus e Alexandre Khoury, mais o assessor especial
Ezequias Moreira, ficou claro que nunca imaginaram que poucas horas depois
explodiria a presente situação que deixa bem claro estar mais do que confirmada
uma guerra pura entre o MP e a Segurança Pública.
Para o advogado Milton Miró
Vernalha Filho, do Sindicato das Classes Policiais Civis do Estado do Paraná,
Sinclapol, ficou claro que a ação do MP via GAECO não passou de “um show
midiático”, para atingir o Governador e o Secretário da Segurança.